sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Eleição no Amazonas: reduzir as abstenções para derrotar o retrocesso


Amazonino Mendes e Eduaerdo Braga disputam o segundo turno da eleição no Amazonas
Amazonino Mendes e Eduaerdo Braga disputam o segundo turno da eleição no Amazonas


Passaram ao segundo turno, cuja votação será no próximo dia 27, Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB). Mas quem ganhou no primeiro foram as abstenções e votos nulos e brancos: 849.528 ou 36,2% do total de votantes. 

O número daqueles que não escolheram nenhum dos nove candidatos foi superior ao total de votos de Amazonino, primeiro colocado na votação realizada no último dia 6 com 577.397 votos. A tendência é que essa diferença se amplie no segundo turno e o próximo governador não seja escolhido pela maioria dos/as eleitores/as amazonenses. 

O desgaste que afeta a política em todo país é apenas um dos fatores desse cenário no estado. Colado nele está a inquietação com um ciclo político que se perpetua desde 1982, quando ainda sob a Ditadura Militar se abre eleições para o governo dos estados. Naquele ano, o Amazonas entronizou Gilberto Mestrinho para o executivo estadual. E em todas as outras eleições até aqui, 35 anos depois, lideranças políticas oriundos de seu grupo. Inclusive Amazonino e Braga, que já foram governadores. Mestrinho morreu em 2009, mas o “gilbertismo” segue dominando o cenário político local.

A engenharia política que beneficia os de sempre tem como alicerce uma baixa dinâmica econômica. O único polo de desenvolvimento significativo está na capital. Um parque industrial que surgiu em 1967 e se mantém ali graças a inúmeros benefícios fiscais. No auge dos governos Lula e Dilma, o conjunto de fábricas ali instaladas chegaram a empregar cerca de 119 mil trabalhadores/as. Com a crise, caiu para 84 mil postos de trabalho. Além disso, gera uma demanda por serviços, sobretudo de transporte e alimentação. 

No interior do estado, vigora uma dura realidade. Dos 62  municípios amazonensesm apenas Presidente Figueiredo e Coari, além da capital, possuem receita própria. Os demais dependem principalmente do Fundo de Participação dos Municípios e suas populações de programas sociais dos governos federal, estadual e municipais. 

A parcela da iniciativa privada que movimenta outras cadeias produtivas mais rentáveis da atividade econômica o fazem mantendo uma boa relação com quem comanda o poder público. Do contrário, irá a falência. Ou seja, o andar de baixo e o de cima da pirâmide socioeconômica depende diretamente do estado. A ausência de um maior dinamismo na atividade econômica impede a criação de novos nichos de poder e isso é diretamente responsável por reduzir a dinâmica na política. Nesse cenário, o peso da máquina pública tem sido decisiva nas eleições. 

Há diferenças claras entre os candidatos. Eduardo Braga representa a face moderna dessa matriz política. Governou o Amazonas no mesmo período em que Lula foi presidente da República.

Aproveitou o bom momento econômico, realizou grandes obras estruturantes e expandiu os serviços públicos. No Senado, onde exerce seu mandato, segue Renan Calheiros no combate às reformas de Michel Temer, apesar de ter votado no golpe em Dilma. Amazonino teve como marca a revitalização de alguns poucos cartões postais e fortes restrições nos direitos da maioria da população. Isso, por si só, faz com que Braga seja de longe a melhor opção diante do que está posto.

A neutralidade só favorece o pior projeto. Embora as abstenções, votos nulos e brancos sugiram uma grande inquietação que precisa ser lida e interpretada. 


*Anderson Bahia é membro do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e foi da direção estadual do PCdoB-AM.
Fonte: Portal Vermelho

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